Sobre o Céu — Entre o Mito e a Ciência: Marte

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O Mito

Nascido de Júpiter e Juno, o deus Marte que tem o seu correspondente grego de nome Ares, é, talvez o mais temível personagem da mitologia romana. Para Roma, um dos mais surpreendentes impérios militares que o mundo conheceu, Marte era o deus da guerra sangrenta, brutal e feroz. Sua importância era tão grande que o mês de março era dedicado a ele com festas e cortejos até o seu altar no Campus Martius. Ali aconteciam corridas de parelhas de cavalos e até sacrifícios de animais que visavam assegurar a vitória nos campos de batalha.

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O deus guerreiro era representado envergando uma magnífica armadura para demonstrar o seu poderio marcial, embora os deuses do panteão não cultivassem nenhuma simpatia por ele, pois o seu temperamento comumente se mostrava áspero e pouco sociável.O símbolo de Marte é o escudo unido à lança, sendo estes os dois equipamentos mais associados ao mais violento de todos os deuses de Roma.

Para confrontar os modos truculentos ao lidar com a guerra, havia sua irmã Minerva, a deusa do combate estratégico, da arte e da sabedoria, o equilíbrio ponderado de seu feroz irmão.

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Mas nem só de lutas vivia o deus aguerrido, Marte teve um romance proibido com Vênus, pois a deusa era esposa de Vulcano, e desse amor nasceram filhos e entre eles Fobos (medo) e Deimos (terror), a traição provocou a ira do deus das forjas que os prendeu em uma rede fortíssima e os expôs vergonhosamente aos outros deuses.

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A Ciência

O planeta Marte desperta interesse e fascínio há milênios. A sua coloração vermelha, bem visível no céu noturno, o ligou ao sangrento deus da guerra. Posteriormente seus dois satélites foram batizados com os nomes de Deimos e Fobos, com 15 km e 28 km respectivamente, suas aparências são disformes, diferentes dos maiores satélites que circundam outros planetas.

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O diâmetro equatorial de Marte soma 6.790 km e o diâmetro polar 6.750 km, assemelhando-se bastante às proporções dos da Terra. O planeta vermelho tem sua aproximação máxima do Sol de 208 milhões de km e seu afastamento chega a 249 milhões de km; o dia é de pouco mais de 24 horas, quase o mesmo que na Terra; a órbita excêntrica, que dura 686 dias, faz com que as estações sejam bastante desiguais, o outono, por exemplo, dura 143 dias e a primavera chega aos 194 dias. Em sua viagem em torno do Sol, a velocidade pode alcançar 26 km/s no periélio (maior aproximação do Sol) e 22 km/s no afélio (seu maior distanciamento).

Não foi registrado nenhum campo magnético relevante naquele planeta, mas a descoberta de rochas magnetizadas indicam que em algum momento no passado Marte teve um cinturão magnético que o protegeu dos raios cósmicos. A pouca radiação aponta para um núcleo metálico pequeno da ordem de 10% a 20% de sua massa. Pelo fato de Marte não ter oceanos, as mudanças térmicas bruscas provocam fortes ventanias que chegam à velocidades rentes ao solo de até 90 metros por segundo. A poeira erguida produz tempestades de areia que se espalham por imensas áreas podendo ser observadas de nosso planeta.

Também da Terra é possível avistar extensas fendas que um dia foram confundidas com canais construídos por marcianos. Algumas dessas fendas chegam a medir 5 mil km de comprimento e até 9 km de profundidade, o que caberiam as maiores montanhas da Terra. Hoje se sabe que a cor vermelha da superfície se deve à presença de considerável quantidade de óxido de ferro, além de sílica e enxofre.

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O relevo de Marte ainda sustenta o Monte Olimpo, o maior vulcão do sistema solar com mais de 24 km de altura e 600 km de extensão. Por ter uma gravidade cerca de 3 vezes menor que a terrestre, uma pessoa de 70 kg em Marte pesaria somente 26 kg. Não foi encontrado nenhum sinal de água em estado líquido, no entanto existem suspeitas que pode haver água líquida no subsolo, talvez em aquíferos de relativa profundidade.

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Vários meteoritos encontrados na Terra, que se atribui origem marciana, estão sendo estudados com o interesse de se identificar algum vestígio de vida. O mais famoso é o ALH84001 que encantou os cientistas com a primeira possibilidade de comprovar que a vida um dia floresceu no planeta vermelho. Nada ainda está confirmado, porém as pesquisas continuam. O que se mostrou até o momento é que o solo do planeta é totalmente estéril.

Marte reflete apenas 15% da luz recebida, o que é razoável devido a sua atmosfera rarefeita. A temperatura varia de -140 graus Celsius a 27 graus Celsius, sugerindo que é possível a instalação de colônias humanas no futuro. Dependendo da posição em que nos encontramos, em uma noite clara, é fácil admirar o pequeno planeta escarlate que atravessa o céu com seu brilho singular, o deus eternamente pronto para a guerra.

AUTOR: Ricardo Costac