Sobre o Céu — Entre o Mito e a Ciência: Plutão

Hades_topo

O Mito

Plutão é um dos deuses que se liberta das entranhas de seu pai Saturno e passa a fazer parte do panteão de deuses que assume o poder do universo. É o similar romano de Hades, o deus grego dos abismos profundos da morte. O mundo dos mortos no interior da terra foi a região que lhe coube governar, mesmo contra a sua vontade.

Era um deus sombrio, irritadiço e pouco admirado, talvez por estar inconformado com o reino que lhe restou. Viajava pelo mundo em um carro da noite puxado por apavorantes cavalos negros, guardando as chaves do inferno, até que um dia seu coração se abriu para Prosérpina, filha de Júpiter e Ceres. Foi amor a primeira vista provocado por uma seta de Cupido, a ponto de Plutão tê-la raptado e a levado para o seu sinistro reino de sombras. As primeiras menções a Prosérpina a relacionam à agricultura e germinação, mas quando passam a identificá-la com a Perséfone grega, a deusa assume o papel de rainha do inferno na cultura romana.

Hades rapta Perséfone

Por outro lado, o deus que cuida dos mortos também está relacionado à magia que faz as plantas germinarem e crescerem, à riqueza e aos tesouros ocultos nas profundidades do subsolo. Mais relacionado à mitologia grega, a descrição do submundo de Plutão (Hades) menciona o barqueiro Caronte, criatura sobrenatural que transportava as almas dos mortos pelo rio Aqueronte até a entrada do inferno. Pelo serviço ele cobrava uma moeda e quem não a possuísse ficava vagando para sempre pelas margens do rio, por isso era costume se depositar uma moeda na boca do defunto para garantir a sua última viagem ao além.

Para guardar a porta do reino dos mortos existia um monstro de nome Cérbero descrito como um cão de três cabeças; outra lenda acrescentava uma serpente no lugar da cauda e mais outras serpentes no dorso; uma outra versão o descreve com até cem cabeças raivosas que aterrorizavam os recém chegados.

Foram poucos os templos erguidos para a sua veneração, possivelmente em parte por medo de que o povo de Roma caísse em desgraça nas guerras, na produtividade e prosperidade.

Plutão era um deus a ser temido porque mais cedo ou mais tarde, acreditava-se, querendo ou não todos iriam estar frente a frente com ele.

Plutao_Planeta

A Ciência

O longínquo Plutão perdeu o seu status de planeta em 2006 pela União Astronômica Internacional. Sua descoberta aconteceu em 13 de março de 1930 pelo astrônomo Clyde Tombaugh (1906-1997). Uma das hipóteses é que Plutão seria um satélite desgarrado de Netuno, no entanto parece que a sua formação se deve à acreção de vários asteróides do cinturão de Kuiper que está além das órbitas dos planetas.

Plutão e Lua

Em sua viagem pelo espaço a uma velocidade de quase 5 km/s, a distância média que ele mantém com relação ao Sol é de 5,9 bilhões de km, com uma aproximação máxima de 4,4 bilhões e um afastamento que alcança os 7,3 de km. Porém, sua excentricidade orbital muito acentuada fez com que ele ultrapassasse a órbita de Netuno por vinte anos no século XX deixando momentaneamente de ocupar a última posição no sistema solar.

O pequeno astro mede 2.300 km de diâmetro, um quinto da massa de nossa Lua, a sua extrema distância garante uma variação de temperatura que vai de -190 a -220 graus Celsius. Em seu máximo afastamento a rarefeita atmosfera de metano, nitrogênio, carbono e água congela e se precipita como neve na superfície tomada pela escuridão perpétua, e a fraca gravidade de Plutão não consegue reter a atmosfera com eficiência, isso faz com que os gases componentes se estendam muito além da superfície. Acredita-se que uma grossa capa de gelo com cerca de 230 km de espessura cubra toda a sua extensão e dificulte conhecer melhor as camadas inferiores que permanecem ocultas.

Plutao e Satelites

Até agora foram descobertos cinco satélites que formam o sistema plutoniano: Caronte, Cérbero, Estige, Nix e Hidra. Caronte, encontrado em 1978, está envolto em um mistério sobre sua origem. O satélite de 1.170 km de diâmetro pode ter surgido de uma colisão com um enorme asteróide, o seu giro em torno de Plutão é igual ao da rotação do planeta anão, o que faz Caronte sempre permanecer em um ponto fixo para um suposto observador na superfície de Plutão. Os dois astros estão tão próximos (19.000 km) que são considerados um sistema binário a ponto de compartilharem a mesma atmosfera, o que os torna únicos no sistema solar.

Cálculos astronômicos apontam para a existência de novos corpos celestes transplutonianos que um dia serão descobertos aumentando o cortejo planetário, um deles é o pouco conhecido 90377 Sedna localizado em 2003. O futuro provavelmente desvendará outros companheiros que vagam nos confins de nossa vizinhança sideral.

AUTOR: Ricardo Costac

1 comentário em “Sobre o Céu — Entre o Mito e a Ciência: Plutão”

  1. Se eu morasse na Grécia na época em que era religião eu o veneraria, do msm modo se eu morasse no Egito, eu veneraria Anúbis.

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