Constelações
Nessa nova fase de “Sobre o Céu”, abordaremos as Constelações, os agrupamentos estelares que sempre acompanharam a história humana, com suas lendas, orientações geográficas ou para ajudar a medir o tempo.
Quando os antigos olhavam para o céu, tentavam dar um significado para aquelas formações luminosas que apareciam noite após noite e que já eram mencionadas pelos seus antepassados.
Nesta nova série contaremos um pouco da mitologia que envolve algumas das 88 constelações que dividem o céu. Também descreveremos os aspectos astronômicos dessas estruturas aparentes que se distribuem pela esfera celeste.
Então começaremos com duas delas:
O Mito
Uma das versões da lenda conta que o gigante Orion, filho de Poseidon e Euríale ou de Gaia com Tártaro, tinha a habilidade de caminhar sobre as águas, e possuía uma força descomunal e beleza capaz de impressionar os deuses.
A própria deusa Ártemis (Diana para os romanos) encantou-se com ele e por isso deixou de dar atenção ao seu irmão Apolo. Enciumado, o deus Apolo desafiou a irmã a disparar suas flechas em um ponto perdido no mar distante, o que aconteceu com precisão. O que ela não sabia é que havia acabado de alvejar a cabeça do gigantesco Orion que nadava inocentemente. Desesperada, Ártemis implorou a Zeus que o levasse para junto das estrelas.
Em outra lenda, Orion era um amante incorrigível em suas andanças pelo mundo, casando-se com Side que ousou desafiar a deusa Hera, afirmando ser a mais bela, mas em vingança Hera a condenou ao Tártaro. Sem a sua Side, Orion foi para a ilha de Quios do rei Oinopíon que lhe pediu para usar sua grande força com o intuito de eliminar perigosas feras de suas terras, mas em sua breve estadia, o gigante maravilhou-se com Merope, filha do rei que era contrário ao romance.
Embriagado por Oinopíon, o poderoso Orion tentou violentar Merope e foi brutalmente ferido nos olhos, ficando cego. Mas Orion não se deixou vencer e, viajando para os territórios de Hefesto, pediu ajuda a um menino para que o virasse na direção do sol, e assim recuperou a visão imediatamente.
Ao regressar a Quios para promover sua vingança, não encontrou o rei que havia sido ajudado por Hefesto a se refugiar nos subterrâneos da ilha. Depois disso, Orion partiu para Delos conduzido por Éos, a apaixonada Aurora. Em Delos Orion tentou estuprar a deusa Ártemis que em represália enviou um escorpião para picá-lo até a morte, e em agradecimento a deusa transformou o seu fiel artrópode em uma constelação, e o mesmo aconteceu com o inesquecível Orion.
Existem outras variações sobre Orion que foram contadas e recontadas e sobreviveram ao longo dos séculos.
A Ciência
Orion
Em uma noite clara de verão no hemisfério sul, podemos admirar a grandiosidade dessa constelação que se espalha pelo céu. Destacam-se sete estrelas, dentre elas as reconhecidas Três Marias que se alinham quase equidistantes, são Mintaka, Alnilan e Alnitaka.
O trapézio quase retangular é formado por Betelgeuse, Bellatrix, Rigel e Saiph. Betelgeuse é uma gigante vermelha que chega, talvez, a ter 400 vezes o diâmetro do Sol e dista de nosso planeta cerca de 300 anos-luz. Rigel não passa de uma super gigante com 35 vezes o tamanho da Terra, no entanto é a mais brilhante de sua constelação. Bellatrix é a terceira mais brilhante e está a 250 anos-luz de distância. Por último é Saiph, do árabe a espada do gigante, que se afasta 650 anos-luz de nós.
Ainda se usarmos um binóculo comum, podemos observar a nebulosa M42 ou também conhecida pelo nome de NGC 1976. Esta nebulosa comumente chamada de Nebulosa de Orion se localiza num ponto entre as Três Marias, Saiph e Rigel, a uma distância que pode chegar a 1.800 anos-luz do Sistema Solar. A M42 é um enorme berçário estelar composto de poeira e gases onde brilham inúmeras estrelas jovens.
Se pudéssemos olhar as constelações de perfil, de modo geral veríamos que suas distâncias diferem muito e não estão no mesmo plano como nos parece.
Escorpião
É uma das constelações mais belas do hemisfério sul, com sua forma retorcida, Escorpião lembra mesmo o animal peçonhento que tirou a vida de Orion. Esta constelação batizada assim pelos gregos também era conhecida como tal pelos egípcios e persas. Sua maior representante é Antares, estrela dupla com aproximadamente 400 vezes maior que a nossa estrela, ela é uma das maiores estrelas que se tem notícia e a mais vermelha de todas.
Outro integrante dessa constelação é Acrab, que do árabe significa exatamente escorpião, e também é uma estrela dupla em que suas componentes, uma branca e outra azul, podem ser distinguidas utilizando-se um simples binóculo. Próximo a cauda, é possível ver com o auxílio de uma luneta o aglomerado M6 repleto de estrelas que se distribuem em radial como uma roda de bicicleta. Além deste, existem os aglomerados M4, M7 e M80 dentre muitas outras nebulosas.
Ao erguermos os olhos para o céu ainda podemos contemplar Orion em sua corrida pelo firmamento para fugir de seu perseguidor mortal. Quando a constelação de Escorpião surge no céu, Orion mergulha no horizonte em eterna fuga.
AUTOR: Ricardo Costac
Gostei. Apesar de nascido em novembro, não sabia da história do escorpião.
Interessante. Muito legal essa sessão, mas senti falta de vcs não terem falado da Lua xD
Constelações e os signos ^^
Orion não tinha jeito mesmo hein 😀