O Êxodo Partholiano e a descoberta do Paraíso
Liderados pelo legendário Partholon a partir do Outro Mundo, subterrâneo e escondido nas mais profundas cavernas, vinha um grupo de 24 homens e 24 mulheres que depois de muito vagarem em terras estranhas alcançaram finalmente em um distante Primeiro de Maio o litoral de uma ilha tida como a derradeira fronteira do qual nenhuma pessoa ousava ir além por temer enfrentar a travessia impossível de um oceano infinito ou pior chegar aos limites deste mundo para depois caírem em um abismo sem-fim!
Aos olhos dos Partholon não havia como avançarem em busca de novas terras e nem maneira de recuarem voltando derrotados para seu lar ancestral, porém, o cenário que encontraram era mais que desolador. Sim, porque a ilha (Irlanda) não passava na época de um pedaço de rocha arenosa, um deserto sem árvores ou até grama que vivia escondida sob névoas e chuvas constantes apenas interrompidas pela ação de um vento frio inclemente oriundo do alto-mar que junto com fortes ondas faziam dali um lugar nada convidativo.
Aliás, tão hostil quanto o local eram os antigos habitantes daquela ilha, os Fomorianos, que muito tempo antes tinham lá chegado vindos também do continente como os Partholon. Contudo, ao contrário dos Partholon eram descritos como tendo aspecto sub-humano que beirava o grotesco, tendo a pele mais escura, uma altura acima do normal ao ponto de serem vistos como gigantes e cultivando hábitos tão nojentos quanto cruéis no cotidiano.
Da guerra a paz: A Construção da Civilização Partholiana
Desde que chegaram os Partholon àquelas terras os Fomorianos lutavam sem dar um momento de trégua contra eles no desejo de expulsa-los da ilha (ou faze-los de seus escravos, conforme contam outras versões) até que finalmente os líderes de cada tribo travaram um duelo de morte (Partholon de um lado e Cichol Sem-Pé do outro) onde saíram vitoriosos finalmente os Partholonianos que garantiram uma paz por 300 anos naquelas terras agora consideradas como seu lar e forçaram os Fomorianos voltarem para o continente.
A magnificência da Civilização Partholoniana construída ao longo de 3 séculos era tamanha que eles como povo eram considerados coletivamente como divindades, contando as lendas que à medida que a tribo crescia em número as terras se ampliavam sob seus pés com novos rios e lagos surgindo do nada junto com o crescimento milagroso da fauna e flora na região.
Assim ao longo de trezentos anos dos quarenta e oito do séqüito de Partholon eles chegaram a atingir o patamar de cinco mil pessoas, sendo narrado que o tamanho da ilha aumentou tanto que de uma planície ao final deste tempo já contava com quatro bem como também dos três lagos encontrados pelos primeiros partholonianos foram acrescidos sete para gerações vindouras, com outros tantos rios, árvores, animais e etc que no final transformaram aquele pedaço de pedra largado no meio do mar em um lugar próspero nunca visto.
Os mitos atribuem estes acontecimentos a ação da magia dos partholonianos, porém, mais modernamente alguns consideram que os Partholon foram mais um exemplo histórico de como a engenhosidade humana pode ser bem aplicada ao ponto de transformar um deserto estéril em um maná de abundância.
Outros, sem negar o mérito dos Partholon possam ter tido, afirmam que a explicação talvez se encontre nas mudanças do clima do planeta ocorridas no final do último período de glaciação que por sua influência não só causaram movimentos migratórios como também alteraram o ecossistema e até a geografia em vários pontos do globo. Tornando lugares hostis a vida humana em locais aprazíveis (e vice-versa), mesma situação que pode ter contribuído para o surgimento de epidemias devastadoras pelo mundo afora.
A Peste
Em um fatídico Primeiro de Maio, na mesma data onde há mais de trezentos anos atrás tinha marcado a chegada dos Partholon na Irlanda, teve inicio de uma epidemia de proporções apocalípticas que ao longo de apenas uma semana foi capaz de levar a extinção toda a Civilização Partholoniana.
Curiosamente conforme narram as lendas os Partholon intuíram seu trágico fim e foram todos para Sen Mag / Velha Planície, mesmo local onde 3 séculos antes os primeiros partholonianos desembarcaram para desbravar aquelas terras, cavando covas coletivas enquanto ainda tinham forças para faze-lo e dando a incumbência ao último derradeiro sobrevivente da tribo para que antes de morrer tacasse fogo na pilha de cadáveres que ali estaria formada.
Contudo, não pensem que os Partholon esperavam com angústia pela morte que iria atingi-los não só individualmente como também marcaria o fim de sua civilização, pelo contrário eles vislumbravam tal catástrofe como uma benção disfarçada que oferecia misticamente a oportunidade de irem mais além de onde tinha conseguido alcançar seus ancestrais. Finalmente eles tinham cruzado o intransponível oceano e atingido sãos e salvos ao Porto Seguro do Além-Vida!
A eterna jornada dos Partholon era chegada ao fim.