Mahabharata: onde o darma está, há a vitória.
Essa versão do Mahabharata é de tradução de Carlos Afonso Malferrari
Batalhas sangrentas, festividades opulentas, proezas amorosas, homens sagrados, ódio e lealdade, tudo isso pode ser encontrado no maior dos épicos indianos, o Mahabharata. Mas essa obra é maior que a soma de suas partes, pois se tornou um guia de como viver a vida de acordo com os preceitos do darma. Na Índia, o épico é tão importante quanto os sagrados textos védicos – Upanishads, Samhitas, Brahamanas, e Aranyakas.
Da Índia até Singapura, passando por Tailândia, Camboja, e algumas partes da China, podem-se ver peças teatrais, musicas, danças, pinturas, e esculturas inspiradas no Mahabharata – como, por exemplo, as imagens do exército Pandava no templo Angkor Wat no Camboja. O épico foi um importante disseminador da filosofia e moralidade hindu no sudeste asiático, sendo especialmente relevantes as histórias secundárias, as quais tinham um caráter moralizador mais evidente e que acabaram por se popularizar mais que a narrativa principal.
O Mahabharata foi escrito originalmente como um poema, mas no Ocidente a obra se popularizou pela versão romanceada escrita por William Buck – na qual o autor faz algumas modificações para que a história fosse melhor compreendida pelo publico ocidental. Oito vezes maior que a Ilíada e a Odisséia juntos, o épico indiano foi escrito em 74.000 versos – e aproximadamente 1,8 milhões de palavras – em sânscrito. Sua autoria é creditada ao lendário poeta Vyasa, o qual também é reverenciado por ser o divisor dos vedas na sua versão mais atual.
De uma maneira simplificada, pode-se dizer que Mahabharata se trata do conflito entre o darma – a retidão, a lei moral, a Verdade, dentre outros significados- contra o adarma – o vício, a imoralidade, a injustiça, a ilusão, etc. Para os hindus o conteúdo moral do épico é tão abrangente que, se é dito que se algo não está no Mahabharata, não pode ser encontrado em lugar nenhum. Outro papel da obra na cultura indiana foi o de promover o modelo de homem e mulher ideais para que a população espelhe seus comportamentos neles.
A narrativa principal do épico se concentra nos conflitos dos Kurus contra os Pandavas, representando os últimos a obediência ao darma. Os 5 Pandavas são semi-deuses; Yudhishthira sendo filho do próprio darma, Bhima sendo filho de Vayú – o deus do vento- os gêmeos Nakula e Sahadeva sendo filhos dos gêmeos Nasatya e Dasra – os quais são os médicos dos deuses- e Arjuna filho de Indra. Entre os Pandavas, o que mais se destaca é Arjuna, pois este é amigo de Krishna e ambos tem papel fundamental na narrativa principal, além de protagonizaram muitas das histórias secundárias. Entre os Kurus, o principal é o rei Duryodhana, o qual segue rejeita o seguir o darma e prefere viver de acordo com as ilusões do adarma.
Por mais contraditório que seja, na narrativa que foi concebida para contar a sangrenta batalha entre Kurus e Pandavas em Kurukshetra, a importância dessa é secundária. A narrativa se concentra em contar sobre a linhagem desde o rei Yayati – pai de Puru, o fundador da dinastia Kuru- até o rei Janemejaya para quem o Mahabharata foi contado, além disso o próprio conflito entre Kurus e Pandavas é uma questão de linhagem pois os membros dos dois grupos são primos.
Centenas de temas que podem ser encontrados no Mahabharata, e uma quantidade ainda maior de perspectivas podem ser adotadas ao ler a obra. O artigo buscou se focar nos temas principais da narrativa, para ajudar a quem está em sua primeira leitura deste vasto épico indiano.
Autora da resenha: Melani Lopes Tomé
A primeira vez que ouvi falar do Mahabharata foi no documentário “Eram os Deuses Astronautas?” do Erich von Däniken rs
Eu devia ter uns 11 anos kkk
Também.. a famosa batalha no céu, né?
Legal esse tema.
Falando nisso já assistiu o filme dele? Será que é fiel e/ou teve cortes em comparação com o livro?
https://www.youtube.com/watch?v=cGxjGH04kEc