Éris é a deusa do conflito e da discórdia, sua versão romana levava justamente esse nome, Discórdia. Sendo as vezes definida como um epírito, ou seja um daemon.
Filha de Nix, a deusa da noite, segundo Hesíodo em sua Teogonia. Homero diz que Éris é irmã de Ares, ou seja, filha de Zeus, e que acompanha o deus da guerra nos campos de batalha. Assim como Ares, possui desejo de derramamento de sangue, e depois que todos os outros deuses se retira do campo de batalha, ela ainda permanece se aproveitando do estrago causado.
Seu ato mais famoso foi ter deixado uma maçã de ouro no casamento de Peleu e Tétis, indicada para “a deusa mais bela”, isso gerou toda uma disputa entre Atena, Hera e Afrodite o que levou até a Guerra de Tróia.
Na Teogonia, sua mãe Nix, a gerou junto a outros deuses sem precisar de parceiro. E Éris fez o mesmo, gerando diversos daemons malévolos que prejudicam a humanidade. Em algumas fontes são chamados de daemons, em outras de deuses. Tais seres eram:
Algos (Aflições)
Também chamados de Algea, são diversos daemons das dores, aflições e tristezas. Portadores do choro e das lágrimas.
Amphillogia (Contendas)
Daemons femininos que personificam as disputas.
Androktasiai (Carnificinas)
Daemons femininas que personificam o massacre nos campos de batalha. Semelhantes as Keres.
Ate (Ruína)
Daemon da ilusão, do impulso imprudente, induz os deuses e mortais ao erro. Filha de Éris segundo Hesíodo, ou de Zeus segundo Homero.
Zeus planejava dar a Héracles a supremacia de Micenas, mas Ate, por intermédio de Hera impediu isso. Ela então foi banida do Olimpo por Zeus, caindo numa colina, que passou a se chamar Colina do Erro, e dessa forma a humanidade receveu o Erro como a pior das heranças.
Disnomia (Má-Norma)
Daemon da ilegalidade, oposto a Eunomia.
Horkos (Juramento)
Daemon dos juramentos que punia quem não cumpria com a palavra. As vezes filho Éris com Ares, mas na Teogonia é filho apenas de Éris. E segundo Higino era filho de Éter com Gaia. É relacionado com Orcus ou Orco, deus romano da morte, que também punia quem quebrava os juramentos. O nome dessa versão latina também era usado para o próprio submundo. Orcus aparece aparece em pinturas funerárias etruscas como um gigante barbudo. E posteriormente foi identificado com Plutão e Dis Pater.
Husmine (Batalhas)
Daemons da batalha, também chamados de Hysminae. Mais exatamente das batalhas não marciais, como brigas de punho, socos e lutas de rua armadas.
Lethe (Esquecimento)
Daemon feminina do esquecimento. Esse era também o nome da Fonte do Esquecimento, que mais tarde se tornou no rio Lete (ou Lethe), um dos rios do submundo, onde os mortos bebiam de suas águas para esquecer das vidas mortais. É dito que fazia fronteira entre o Hades e os Campos Elisios. As vezes essa daemon (ou deusa) era identificada com o rio.
Algumas tradições a consideram mãe das Cárites. E de forma alegórica foi tida como filha da Noite e irmã da Morte e do Sono.
Limos (Fome)
Daemon que personifica a fome. Segundo Homero, filha de Zeus. Vista como oposta a Deméter, deusa da abundância. Sua versão romana era Fames. Uma versão coloca-a ao lado da Pobreza, na entrada do submundo. Outra versão ela vive na vaiza região da Cítia, e rói a pouca vegetação dali.
Makhe (Combate)
Também chamados de Makhai, Machae ou Maca, são daemons dos combates que ocorrem nos campos de guerra.
Alguns daemons relacionados ao combate na guerra aparecem em diversas outras obras, ainda que não seja diretamente citados como Makhe ou filhos de Éris, é possivel presumir. Eles são: Alala (grito de guerra), Proioxis (investida), Palioxis (retirada), Homados (estrondo da batalha), Kydoimos (cofusão), Ioke (ataque), Alke (força de batalha).
Neikos (Brigas)
Daemons que personificam as brigas e rixas. Também chamados de Neikea.
Phonos (Matança)
Daemons que personificavam a matança fora da guerra.
Ponos (Labor)
Divindade, ou daemon, que personifica o trabalho físico extremo e o cansaço.
Pseudos (Embustes)
Pseudologoi. Daemons das mentiras e falsidades. Contrários a Aleteia e Pistis, daemon da verdade e honestidade.
Fontes:
ATSMA, Aaron J. Éris. Theoi, 2021. Disponível em: https://www.theoi.com/Daimon/Eris.html . Acesso em: 11/03/2021.
BRANDÃO, Junito de Souza. Dicionário Mítico-Etimológico. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
COLEMAN, J.A. The Dictionary of Mythology An A-Z of Themes, Legends And Heroes. Londres: Arcturus, 2007
Dicionário de Mitologia Greco-Romana. São Paulo: Abril Cultura, 1976.
HESÍODO. Teogonia. Tradução, introdução e notas de Christian Werner. São Paulo: Hedra, 2013.