COLEÇÃO MITOLOGIA HELÊNICA: ÉDIPO
Voltando à série de livros de introdução à mitologia grega de Menelaos Stephanides, desta vez vou falar de Édipo.
Este é um livro que se propõe abordar toda a história do ciclo edipiano: os antepassados, a história do desafortunado herói e o destino de seus filhos.
Stephanides reconta a história usando como principal fonte as peças de Sófocles, Eurípedes e Ésquilo. Em certos momentos, ao narrar a opinião de anciões ou de populares, repete a estrutura de coro das peças gregas, o que acaba funcionando como forma de introduzir outros participantes à trama sem ser necessário fazer a apresentação de inúmeros personagens novos.
O livro divide-se em 5 partes. As 4 primeiras: Édipo Rei, Édipo em Colono, Sete contra Tebas e Antígona são claramente baseadas nas peças gregas, e Os Descendentes, que é um apanhado de narrativas sobre os descendentes de Édipo, dos Argivos e de Héracles.
ÉDIPO REI
Aqui se conta a história da origem dos dramas vividos por Édipo, Jocasta e a família real tebana.
A maldição tem origem com seu pai, Laio, que desrespeitou as leis da hospitalidade seqüestrando o filho de Pélope e sendo por este amaldiçoado. Como para os antigos gregos o indivíduo é identificado por sua família, uma maldição deve recair sobre toda a família. E seguindo este princípio Édipo acaba vivendo o que é considerado a maior das tragédias.
A parte central da narrativa concentra-se na investigação que Édipo faz sobre a origem do crime que deu origem à peste que abate Tebas, nas previsões do adivinho Tirésias, e na punição auto-inflingida, pois Édipo considera que, mesmo não tento sido proposital, causou sofrimento a Jocasta, a seus filhos e à cidade de Tebas.
ÉDIPO EM COLONO
O tema principal de Édipo em Colono são os conflitos entre pais e filhos.
Após vagar por toda Grécia, amparado pela filha Antígona, Édipo chega a Colono, nos arredores de Atenas, onde há um bosque consagrado às Erínias e que Édipo reconhece como sendo seu destino final.
Aí é encontrado por Ismene, que narra o conflito dos filhos de Édipo: Polinice instou o povo de Argos a atacar Tebas, reivindicando o direito de governar a cidade no lugar de Etéocles.
Édipo recusa-se a ajudar a luta fratricida, bem como apoiar seu cunhado Creonte, e pede a ajuda de Teseu para que suas filhas sejam protegidas. Também pede a Teseu que o acompanhe até o local de seu destino final.
SETE CONTRA TEBAS
É a narrativa da guerra travada contra Tebas pelos 7 generais que apoiam Argos e a reivindicação de Polinice ao trono ocupado por Etéocles.
Aqui se dá algo interessante: o centro da narrativa não é a batalha em si, mas a tentativa de Antígona de reconciliar os irmãos e impedir que outra tragédia se abata sobre a família e a cidade. Apesar do papel secundário relegado às mulheres gregas, Antígona acaba mostrando como é possível lutar dentro dos estreitos limites a ela imposto.
ANTÍGONA
Antígona continua sua rebelião contra as decisões dos homens que governam Tebas, colocando a família acima de tudo, principalmente o pai e irmãos. Toma para si o papel de guardiã das mais antigas tradições e contraria o decreto de seu tio Creonte, de que Polinice permaneça insepulto.
A teimosia de Creonte, a maldição que recai sobre os descendentes de Laio, e os corpos insepultos à porta de Tebas atraem a ida dos deuses e toda família real tebana cai em desgraça.
Com esta narrativa fecha-se a narrativa das chamadas tragédias edipianas.
OS DESCENDENTES
Aqui se conta duas histórias:
A primeira é a dos filhos dos guerreiros de Argos que, para vingar o fato dos pais terem ficado insepultos por algum tempo, juram atacar Tebas.
É uma narrativa que contém os feitos destes filhos que, liderados por Alcméon, destroem Tebas, causando o desterro de seus habitantes. E, como pano de fundo, Alcméon é enredado pela cobiça pelos presentes dados por Atena a Harmonia e o triste destino que eles trazem.
A segunda conta a luda dos Heráclidas, os descendentes de Hércules, para terem sua própria pátria e de como foram necessárias 3 gerações para que dominassem todo o Peloponeso.
Esta narrativa acaba sendo uma explicação mitológica à entrada dos Dórios na Grécia e do porquê a maioria das famílias nobres gregas reivindicarem descender do maior dos heróis gregos.
Por fim, podemos afirmar que a saga de Édipo é uma das últimas histórias da era Mitológica grega. Não há nelas a intervenção direta do deuses e sim o resultado das ações e opções dos humanos. Após a queda da Tebas mítica poucas histórias sobre descendentes dos heróis foram contadas e, como diria Sófocles, pode-se por um fim à era heróica e começar a era do homens.
Stephanides, Menelaos: Édipo.(tradução Jana´na R.M. Potzmann), São Paulo, Odisseus Editora Ltda, 2004