Sobre o Céu — Entre o Mito e a Ciência: Urano

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O Mito

De lendas muito antigas, Urano nascido da Terra (Gaia) é a personificação do céu. Da união dos dois surgem muitos seres fantásticos, entre eles os Titãs e as Titanides, os Cíclopes e os gigantes Centímanos. Urano era tido como um ser severo e sem sentimentos piedosos; egoísta, aprisionou seus filhos Titãs no ventre de Gaia e foi vencido e destronado pelo filho Saturno quando este decepou-lhe os genitais usando uma foice. Uma das lendas diz que a tragédia ocorreu no cabo Drepanon (que significa foice em grego) na Sicília.

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Urano também aparece como o primeiro líder dos Atlântios, suposto povo que habitou algum lugar no extremo ocidente, o deus ensinou-lhes a arte do cultivo e armazenamento de diversos frutos, além de outras habilidades de sobrevivência. Urano também teria criado o calendário com base no movimento do sol e da lua.

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A Ciência

Urano é um dos gigantes gasosos e apesar de suas dimensões é mil vezes menos brilhante que Júpiter, e por isso mesmo não era oficialmente conhecido até o século XVIII quando foi descoberto por William Herschel (1738-1822), embora algumas observações já haviam sido feitas entre 1690 e 1780 identificando-o simplesmente como um corpo errante no espaço.

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Por estar extremamente distante do Sol, o planeta recebe apenas 4% de luz fazendo com que ele fique praticamente opaco ao campo de visão desarmada.

Urano leva 84 anos para completar um giro completo ao redor de nossa estrela, viajando a 7 km/s numa órbita quase circular. No ponto mais próximo do Sol, atinge cerca de 2,7 bilhões de km e no seu distanciamento máximo pode chegar a 3 bilhões de km. Uma rotação completa em Urano transcorre em 17 horas e 14 minutos.

Um mistério que atrai os cientistas é que, ao contrário dos demais planetas que compõem o sistema solar, Urano está deitado, como uma bola a rolar por um assoalho invisível, um dos pólos praticamente apontado para o Sol, isso quer dizer que o pólo oposto permanece 42 anos sem ver a luz do dia. A ideia mais aceita para explicar o fato do planeta estar deitado é de que ele teria sido atingido no passado muito distante por um corpo de proporções planetárias. O choque cataclísmico teria provocado a inclinação excêntrica que se apresenta atualmente.

A superfície deste planeta é coberta por densas camadas de nuvens e após a passagem da Voyager 2, em 1986, verificou-se que Urano é coberto por um vasto oceano composto de água aquecida, metano e amoníaco. Todo esse mar de elementos envolve um núcleo rochoso de 17 mil km de diâmetro do total de 55.800 km de diâmetro e é formado por silicatos, ferro e mais elementos pesados.

Outra curiosidade é o campo magnético que tem uma inclinação de 60 graus, ou seja, o eixo não passa pelo centro do planeta. A sua gélida atmosfera que pode esfriar até 210 graus negativos é composta de 70% de hidrogênio, 12% de hélio e metano e se estende até Miranda, um de seus satélites que mais se aproximam. As nuvens mais altas do planeta chegam a velocidades de 300 km/h, verdadeiras ventanias estratosféricas.

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É outro planeta que apresenta um anel em seu entorno confirmado apenas em 1977, mas mesmo em 1781 já desconfiava-se de sua existência, embora nem de longe se compare ao belíssimo anel de Saturno. São 27 os satélites que orbitam ao redor de Urano, e os mais importantes são os quatro maiores que foram batizados com os nomes de personagens de Shakespeare: Ariel, Titânia, Oberon e Umbriel.

AUTOR: Ricardo Costac