Escrito por Yves Pinguilly e ilustrado por Cathy Millet, essa obra faz parte da coleção Contos e Lendas. Esta edição traz dezessete contos da África, mais especificamente dos seguintes países: Senegal, Mali, Costa do Marfim, Burkina Fasso, Togo, Chade, Ruanda, Djibuti.
São contos que originalmente eram passados de forma oral, sobrevivendo através das relações dos povos entre suas gerações. Seus personagens vão de caçadores e agricultores, até reis e princesas. Mas nem por isso se limitando aos seres humanos, muito pelo contrario, diversas histórias são composta tão somente por animais, que falam e agem como pessoas, como Andjau, a aranha macho que sempre brigou com sua vizinha Kpowu, um leopardo fêmea. Tendo assim trejeitos e emoções únicas.
Com esse aspecto fabuloso, algumas das lendas possuem certa lição de vida, enquanto outras estão ali para mostrar simplesmente como a vida é, não se prendendo a finais felizes nem heróis nobres. Dessa mesma forma esse livro não apresenta deuses, ou eventos cosmogônicos, pelo contrario, em sua maioria mostra a vida corriqueira de tribos, histórias de caças e plantio. Mesmo assim em alguns contos encontram-se explicações para alguns detalhes, como o porquê leopardos possuem a pele pintada, ou o motivo dos animais viverem na selva.
De primeira, tal coletânea pode parecer feito para o publico infantil, mas se aprofundando nas historias, encontramos detalhes de violência, traição, e sexo. Pois é preciso ter noção que essas são historias do povo para o povo, e não de apenas uma faixa etária ou classe.
Para nós de países de costumes predominantemente de origem europeia, a riqueza desse livro vai além da narrativa dos contos. Toda sua espacialidade somada a itens e costumes que nos são totalmente estranhos, nos da noção de algo totalmente novo. E algo imprescindível dessa obra é o glossário no inicio, que ajuda o leitor a conhecer diversos locais, costumes, e comidas que aparecem durante o livro.
Com tudo isso, vemos que a África não é apenas um continente e sim um mundo novo desde tempos antigos. E essas 254 paginas e 17 contos nem de longe pretendem abordar todo esse continente, mas pode ser um ótimo inicio para o leitor.