Ciclopes, Hecatonquiros, Tífon e Gigantes

Traduzido e Adaptado por Rafael Brito

Ciclopes

Um Ciclope é um personagem da raça greco-mitológica de gigantes com um só olho no meio da testa. Havia duas gerações de Ciclopes:

Ciclopes

Primeira Geração

Foram os ciclopes filhos de Urano e Gaia. De acordo com Hesíodo, eles eram fortes, teimosos e “de emoções abruptas” – uma raça sem lei, selvagem e canibalesca que não temia deuses ou humanos. Seus nomes eventualmente tornaram-se sinônimos de força e poder. Eram três: Brontes, Estéropes e Arges.

Urano temeu sua força e os prendeu no Tártaro. Posteriormente, Cronos, outro filho de Urano e Gaia, libertou os Ciclopes, juntamente com os Hecatonquiros e os Gigantes. Esses, então, ajudaram o deus a subverter castrar Urano, mas Cronos os pôs de volta no Tártaro, onde permaneceram, guardados por Campe, até serem, enfim, libertados por Zeus. Eles forjaram os raios para Zeus usar como arma e o ajudaram a depor Cronos e os demais Titãs. Os raios, que se tornaram símbolo de Zeus, foram produto do trabalho de todos os três Ciclopes: Arges lhes deu o brilho, Brontes lhes deu o trovão, e Estéropes lhes deu o relâmpago.

Esses Ciclopes também criaram o tridente de Poseidon, o arco-e-flecha de Ártemis, e o capacete que Hades deu a Perseu quando este fora matar Medusa. Eles foram os ajudantes de Hefestos, e são tidos como os construtores das fortificações de Tyrins e Micenas no Peloponeso. Os sons emitidos do coração dos vulcões são atribuídos ao seu trabalho.

É dito posteriormente que os Ciclopes foram mortos por Apolo depois que Zeus fulminara seu filho, Asclépio, com um raio, forjado pelos Ciclopes.

Segunda Geração

Os Ciclopes eram uma raça de enormes monstros de um só olho que viviam em uma ilha de mesmo nome. Comumente, o termo ciclope é utilizado para referir-se a um filho de Poseidon com a ninfa Thoosa, chamado Polifemo, que era um ciclope. Outro da segunda geração de Ciclopes era Telemus, um vidente.

Polifemo

Na Odisséia de Homero, uma expedição exploradora liderada pelo herói Odisseu aporta na Ilha dos Ciclopes e se aventura por uma enorme caverna. Ao entrarem na caverna, começam a festejar com a comida que lá encontram. O que eles não sabiam era que essa caverna era a morada de Polifemo, que logo descobriria e aprisionaria os invasores. O Ciclope, então, começa a devorar vários membros da tripulação, mas Odisseu logo elabora um plano de fuga.

Para que Polifemo ficasse inconsciente, Odisseu o faz tomar um barril do mais forte e puro vinho que tinha. Quando Polifemo perguntou o nome de Odisseu, este lhe disse que era “Ninguém”. Uma vez que o gigante adormecera, Odisseu e seus homens pegaram uma forte lança e furaram o único olho de Polifemo. Com o amanhecer, Odisseu amarrou a si e a seus homens ao ventre da ovelha de Polifemo. Quando o ciclope deixou que a ovelha saísse para pastar, os homens foram carregados por esta. Como Polifemo estivesse cego, não podia ver os homens, mas tateou o dorso da ovelha para saber se eles não estavam montados nela. O poeta greco-siciliano Teócritus escreveu dois poemas (aprox. 275 AC) sobre o amor de Polifemo por Galatéia, uma ninfa do mar. Ao ver que Galatéia amava Ácis, um mortal siciliano, o ciumento Polifemo matou o rapaz com um pedregulho. Galatéia transformou o sangue de Ácis em um rio de mesmo nome na Sicília.

Origens

Devido à sua propensão ao trabalho com ferraria, muitos estudantes crêem que os Ciclopes vieram do costume dos ferreiros de usar um tapa-olho sobre um dos olhos para evitar a perda total da visão por causa das fagulhas. Alguns ferreiros também se tatuavam com círculos concêntricos em honra ao Sol, esta é outra possível origem para a lenda. A Segunda Geração dos Ciclopes é de um tipo definitivamente diferente do da Primeira, muitos foram incorporados ao panteão, e não possuíam ligações com ferraria. Muitos acreditavam que as lendas sobre Polifemo não se referiam a um Ciclope até que Homero assim o apresentasse na Odisséia, Polifemo pode ter sido, originalmente, um demônio local ou algum tipo de monstro. Os Triamantes na lenda de Creta também são uma possível associação – eles foram uma raça rural de ogros devoradores de homens, e possuíam um terceiro olho na nuca. Exceto pelo detalhe dos olhos, eles soam bem familiares aos Ciclopes de Homero.

Outra possível origem para a lenda dos Ciclopes são os crânios pré-históricos de ancestrais do elefante achados pelos gregos (alguns ainda existem em Creta). Devido à grande cavidade nasal (para a tromba) encontrada na caveira, pode ter-se acreditado que se tratava de uma grande e única órbita. A disposição atual das cavidades oculares (pequenas e posicionadas uma a cada lado) é muito menos impressionante. Devido à escassez de conhecimento que os habitantes possuíam em se tratando de elefantes, eles não tinham como reconhecer o que verdadeiramente fosse o crânio.

Paredes Ciclópicas

Após a “Era das Trevas”, os Helenos voltaram-se temerosos para os imensos blocos usados na construção das muralhas de Micenas, Tiryns e Cyprus, e concluíram que somente os Ciclopes teriam a força e a habilidade necessárias para tão grandioso feito.

Hecatonquiros

Tradução: Cem-mãos (hekaton, kheir)

Os Hecatonquiros eram os deuses gigantes das violentas tempestades e dos furacões (theullai) invocados da tempestuosa cova do Tártaro. Cada um possuía cem mãos e cinqüenta cabeças, para que pudessem controlar o poder destrutivo da tempestade. Seus irmãos eram os Ciclopes, fabricantes dos raios e trovões de Zeus. Os três Hecatonquiros eram ligados à estação tempestuosa na Grécia que seguia o surgimento da constelação de Altar no mês de novembro.

Hecatonquiros

Logo que nasceram, foram laçados pelo pai, Urano, nas profundezas do Tártaro, pois o deus temia o poder dos três. Posteriormente, Zeus os libertou durante a guerra contra os Titãs, utilizando-se de seus poderes para alcançar a vitória e tornar-se o senhor dos céus.

Após a guerra, Kottos e Gyes passaram a viver no Rio Oceano, e Briareu, nas profundezas do Mar Egeu. Juntos, eles aparentemente funcionavam como vigilantes das tempestades do Tártaro, libertando-as ao comando dos deuses.

Um quarto ser que se assemelha aos Hecatonquiros é Tífon, um deus das tempestades. Porém, diferentemente daqueles, este é um filho de Tártaro, ao invés de Urano. Após também ter sido derrotado por Zeus, ele foi aprisionado no Tártaro, tornando-se a fonte de todos os furacões e ventos de tempestade. (Anemoi Thuellai).

Zeus Vs Tifon

Tífon

Tífon, na mitologia grega, era o filho mais novo de Gaia e Tártaro. Outros contos o trazem como filho da Hera arcaica (em sua forma Minóica), surgido da própria deusa, como uma versão monstruosa de Hefestos. Ele é descrito como um monstro gigantesco e horrendo, com cem cabeças de dragão (ou de serpente) que saem de suas coxas, foi derrotado e aprisionado no Tártaro por Zeus. Em outras versões, ele é confinado à Sicília ([i]Ilíada[/i]), ou sob o Monte Etna, ou em outras regiões vulcânicas, onde é o causador das erupções. Tífon é, assim, a personificação titânica das devastadoras forças vulcânicas, tal como o olímpico Hefetos (o Vulcano romano). Segundo algumas versões, entre seus filhos com Equidna estão: Cérbero, a Hidra de Lerna e a Quimera.

Tífon é também o pai dos perigosos ventos quentes, o que, para os árabes incluía as tempestades ciclônicas do Oceano Índico, e, conseqüentemente, o tufão. Escritores helenísticos posteriores identificaram Tífon com o Seth egípcio.

Gigantes

Na mitologia grega, os Gigantes foram seres surgidos do sangue derramado por Urano quando este foi castrado por Cronos. Posteriormente, os Gigantes atacaram o Monte Olimpo, para o que puseram as duas maiores montanhas da Tessália, o Pélion e o Ossa, uma sobre a outra. Entretanto, com a ajuda de Heracles, os Gigantes foram derrotados.

Encélado, um dos Gigantes, foi colocado sob o monte Etna. Os estrondos do vulcão eram causados por seus movimentos. Athos, outro dos Gigantes, arremessou uma montanha em Zeus, que a rebateu, fazendo-a cair próximo à Macedônia. Essa montanha era o pico sagrado do Monte Athos. Os Gigantes [geralmente citados] eram Alcioneu, Clítias, Encélado, Échion e Athos.

Lista dos Gigantes (conforme obras clássicas)

( † = morto na guerra contra os deuses – os que não estão marcados já morreram, mas não necessariamente na referida guerra)

AGASTHENES
AGRIOS: Um Gigante espancado até a morte pelas Moiras com clavas de bronze.
AIGAION: Morto pelas flechas de Ártemis. †
ALCIONEUS: Um Rei dos Gigantes, morto por Heracles.
O Gigante era imortal enquanto permanecesse em sua terra (Pallene), assim, o herói, dominando-o com suas flechas, arrastou-o para além da fronteira, onde este enfim morreu. †
ARISTAIOS: O único Gigante a sobreviver à guerra contra os deuses. Sua mãe Gaia escondeu-o sob a forma de um besouro de esterco.
CEOS: Um dos Gigantes. Talvez, o próprio Titã de mesmo nome.
DAMYSOS: Um dos mais rápidos gigantes (†). Kheiron exumou seu corpo e de seus pés extraiu a “astragale”, que foi colocada no calcanhar do herói Akhilleus.
EMPHYTOS
ENCÉLADO: Um Gigante que enfrentou Atena na guerra contra os deuses. Quando ele fugiu do campo de batalha, Atena esmagou-o sob o Monte siciliano de Aitna. †
EFIALTES: Morto por Apolo e Heracles. Cada um destes flechou um dos olhos do gigante. †
EUBOIOS
EUPHORBOS
EURIALOS
EURIMEDON
EURITOS: Morto por Dionísio. †
HIPÓLITOS: Morto por Hermes, com sua espada e deu capacete de invisibilidade. †
HIPÉRBIOS
JÁPETO: Um dos Gigantes. Talvez, o próprio Titã de mesmo nome.
KHTHONIOS
KLÍTIOS: Imolado pelas tochas de Hécate. †
LEON: Morto por Heracles, que fez uma capa protetora de sua pele leonina. †
MIMAS: Morto por Hefestos com uma saraivada de ferro fundido. †
MIMON: Morto por Ares. †
“MOLIOS”: Oponente do deus do sol Hélio. Morto após violenta batalha.
MYLINOS: Um dos gigantes mortos por Zeus na ilha de Creta.
OLIMPO: O Gigante pai adotivo de Zeus. Incitou os irmãos contra os deuses.
OTOS
OURANION
PALLAS: Morto por Atena. A deusa arrancou a pele de cabra do gigante para fazer sua égide. É provavelmente o mesmo que seu homônimo titã.
PANKRATES
PELOREUS: Um gigante de muitos braços que enfrentou os deuses brandindo o Monte Pélion.
PHOITIOS: Morto por Hera. †
POLYBOTES: Efrentou Poseidon na guerra contra os deuses. Quando abandonou o campo de batalha, Poseidon o perseguiu e esmagou sob a rocha de Nisyros na ilha de Kos.
PORPHYRION: O rei dos Gigantes que tentou estuprar Hera na guerra contra os deuses. Foi derrubado por um raio de Zeus e por uma seta de Heracles.
RHOIKOS
SYKEUS: Um Gigante perseguido por Zeus até Kilikia, onde Gaia o transformou em uma figueira para que escapasse do deus.
THEODAMAS
THEOMISES
THOON: Um Gigante espancado até a morte pelas Moiras com clavas de bronze. †
TYPHOEUS: Morto por Dionísio. †

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